Estas foram as palavras de Cândida Pinto, jornalista há mais de 20 anos, quando questionada sobre os limites do jornalista no campo de batalha. O silêncio de uma sala enorme aterroriza-a mais do que balas a voarem pelos céus.
E quando é que é que os limites devem existir? Simples: quando a morte nos olha nos olhos. Para Cândida, o limite é entre uma boa e uma ótima reportagem.
Já depois de terminado o debate, foi em entrevista que a jornalista foi perentória: “há limites e para mim é entre o bom e o ótimo. Eu estou numa determinada situação periclitante, difícil, que envolve muitos riscos, e se eu já tenho material suficiente, mas sentir que se ficar mais meia hora ou quarenta e cinco minutos faço uma história muito melhor, mas também posso deixar de estar viva”.
Mas ainda acrescentou que nestas situações o instinto é o mais importante. “Às vezes, nós sentimos que devemos ir embora e vamos. Há reportagens que nós precisamos de fazer enquanto as pessoas não dão por nós e quando derem já nós estamos a sair”.
Mas estes limites nunca são certos. “O limite entre estar vivo e deixar de estar é uma situação muito variável. Nunca sabemos. Na situação dos tiros não foi evitável e eu tive sorte.
Ser mulher nunca a incapacitou para fazer o seu trabalho. Quando viaja para culturas como a do Médio Oriente, Cândida tem noção da cultura desta zona do mundo e, quando é necessário, lá o lenço que leva ao pescoço se transforma rapidamente num véu para cobrir o cabelo. Em entrevistas usa roupa mais tapada, mas já teve uma situação em que, por 5 centímetros de pele no pulso à mostra foi mandada de volta para “colocar uma roupa conveniente e voltar no dia a seguir”. Aconteceu na entrevista que foi fazer a Ieman.
“O que conta é a cuca”, a mentalidade, e não o facto de o entrevistado olhar ou não para o jornalista. O que importa é perceber a cultura que vamos trabalhar. “O jornalista não se pode demitir do que é, da sua formação e da sua personalidade em circunstância alguma. Nunca. Temos é de saber atuar em situações adversas”.
Durante o debate, moderado por Paulo Moura, jornalista há mais de 20 anos e com uma grande experiencia em cenários de guerra, também se levantaram questões sobre o trabalho jornalístico durante o conflito. Será o trabalho bem feito? Carlos Narciso, jornalista há mais de 40 anos e que já acompanhou conflitos como o da Guiné-Bissau/Senegal, alertou para a manipulação a que o jornalista está sujeito nesses cenários e o facto de se tornar um leigo quando chega a zonas como o Médio Oriente.
E deu um exemplo: sem questionar o caráter ditatorial de Kadafi, o jornalista levantou a questão noutro sentido: seriam os rebeldes os libertadores da Líbia como se noticiou? Para o jornalista isso não era assim.
Cândida Pinto reforçou o facto de o jornalista nunca poder pensar que conhece a história toda, porque, de facto, só uma pequena parte é que sabe enquanto se lá está. Nem tudo é dito e o jornalista não consegue estar nos dois lados da batalha ao mesmo tempo.
A Primavera Árabe e o naufrágio que matou milhares de pessoas em Lampedusa foram alguns dos temas que Cândida Pinto e Carlos Narciso discutiram. Cândida fortaleceu a ideia de que o que aconteceu em Lampedusa já não ser uma coisa nova, mas que só agora é que teve relevância nas televisões e jornais nacionais. E porquê? Porque não era um tema forte até então. “As imagens eram sempre iguais e longínquas dos refugiados”, rematou Cândida. E a jornalista ainda foi mais longe: “agora os jornalistas vão todos para o Mediterrâneo, mas daqui a duas semanas já o Mediterrâneo vai deixar de ser notícia e é como se já nada lá se passasse.”
A jornalista, que atualmente coordena o programa “Grande Reportagem” e é editora da secção Internacional, em resposta ao auditório, afirmou que para se ser jornalista de guerra é preciso disponibilidade e força por parte da pessoa para enfrentar todas as dificuldades que encontra no terreno, sejam elas humanas ou materiais.
E quando é que é que os limites devem existir? Simples: quando a morte nos olha nos olhos. Para Cândida, o limite é entre uma boa e uma ótima reportagem.
Já depois de terminado o debate, foi em entrevista que a jornalista foi perentória: “há limites e para mim é entre o bom e o ótimo. Eu estou numa determinada situação periclitante, difícil, que envolve muitos riscos, e se eu já tenho material suficiente, mas sentir que se ficar mais meia hora ou quarenta e cinco minutos faço uma história muito melhor, mas também posso deixar de estar viva”.
Mas ainda acrescentou que nestas situações o instinto é o mais importante. “Às vezes, nós sentimos que devemos ir embora e vamos. Há reportagens que nós precisamos de fazer enquanto as pessoas não dão por nós e quando derem já nós estamos a sair”.
Mas estes limites nunca são certos. “O limite entre estar vivo e deixar de estar é uma situação muito variável. Nunca sabemos. Na situação dos tiros não foi evitável e eu tive sorte.
Ser mulher nunca a incapacitou para fazer o seu trabalho. Quando viaja para culturas como a do Médio Oriente, Cândida tem noção da cultura desta zona do mundo e, quando é necessário, lá o lenço que leva ao pescoço se transforma rapidamente num véu para cobrir o cabelo. Em entrevistas usa roupa mais tapada, mas já teve uma situação em que, por 5 centímetros de pele no pulso à mostra foi mandada de volta para “colocar uma roupa conveniente e voltar no dia a seguir”. Aconteceu na entrevista que foi fazer a Ieman.
“O que conta é a cuca”, a mentalidade, e não o facto de o entrevistado olhar ou não para o jornalista. O que importa é perceber a cultura que vamos trabalhar. “O jornalista não se pode demitir do que é, da sua formação e da sua personalidade em circunstância alguma. Nunca. Temos é de saber atuar em situações adversas”.
Durante o debate, moderado por Paulo Moura, jornalista há mais de 20 anos e com uma grande experiencia em cenários de guerra, também se levantaram questões sobre o trabalho jornalístico durante o conflito. Será o trabalho bem feito? Carlos Narciso, jornalista há mais de 40 anos e que já acompanhou conflitos como o da Guiné-Bissau/Senegal, alertou para a manipulação a que o jornalista está sujeito nesses cenários e o facto de se tornar um leigo quando chega a zonas como o Médio Oriente.
E deu um exemplo: sem questionar o caráter ditatorial de Kadafi, o jornalista levantou a questão noutro sentido: seriam os rebeldes os libertadores da Líbia como se noticiou? Para o jornalista isso não era assim.
Cândida Pinto reforçou o facto de o jornalista nunca poder pensar que conhece a história toda, porque, de facto, só uma pequena parte é que sabe enquanto se lá está. Nem tudo é dito e o jornalista não consegue estar nos dois lados da batalha ao mesmo tempo.
A Primavera Árabe e o naufrágio que matou milhares de pessoas em Lampedusa foram alguns dos temas que Cândida Pinto e Carlos Narciso discutiram. Cândida fortaleceu a ideia de que o que aconteceu em Lampedusa já não ser uma coisa nova, mas que só agora é que teve relevância nas televisões e jornais nacionais. E porquê? Porque não era um tema forte até então. “As imagens eram sempre iguais e longínquas dos refugiados”, rematou Cândida. E a jornalista ainda foi mais longe: “agora os jornalistas vão todos para o Mediterrâneo, mas daqui a duas semanas já o Mediterrâneo vai deixar de ser notícia e é como se já nada lá se passasse.”
A jornalista, que atualmente coordena o programa “Grande Reportagem” e é editora da secção Internacional, em resposta ao auditório, afirmou que para se ser jornalista de guerra é preciso disponibilidade e força por parte da pessoa para enfrentar todas as dificuldades que encontra no terreno, sejam elas humanas ou materiais.